“- O que acontece quando morremos? - Falando por mim mesma? - Por você mesma. - Eu mesma. Esse é o problema. É esse a base de todos os problemas. Essa ideia, “nós mesmos”. Não é essa a ideia. Não é essa a resposta. Não é. Como fui esquecer isso? Quando esqueci? O corpo morre célula por célula. Mas os neurônios continuam em atividade. Pequenos relâmpagos, como fogos de artifício, achei que ficaria desesperada ou com medo, mas não sinto nada disso. Estou ocupada demais. Estou ocupada demais neste momento. Me lembrando. E claro. Eu lembro que cada átomo do meu corpo foi criado em uma estrela. Essa matéria, este corpo, é basicamente espaço vazio. E a matéria sólida? É apenas energia vibrando bem devagar, e não há um “eu”. Nunca houve. Os elétrons do meu corpo dançam e se misturam com os elétrons do chão embaixo de mim e do ar que já não respiro. E eu lembro que não existe um ponto onde tudo isso acaba e eu começo. Eu lembro que sou energia. Não memória. Não um “eu”. Meu nome, personalidad