A menina vence a avenida.
Encantadora e vacilante,
Avança por entre possantes,
Sem mão amiga ou guia aparente.
Emancipada e munida da infância
Vai a menininha alheia e alegre,
Um pontinho de luz,
Envergonhando a Humanidade.
Como puderam se esquecer
Das almofadas nos pára-choques?
Do sorriso embaixo dos faróis,
(Todo carro tem cara de mau)
Nem mesmo palhaços pintados nas placas!
Advertindo o nobre motorista:
“Diversão à esquerda”..
Asas, jatos, pirotecnia...
Intimidados, engenheiros e designers,
Gente grande da indústria,
Voltam pro escritórios consternados.
A menininha ri. Rio com ela.
Atravessa a avenida porque tem pernas,
Enquanto me arrasto pela vida
Arrancando cabelos das narinas
E evitando levantar da cama, emoções...
Ruminando tragédias inusitadas,
A estupidez interesseira,
A incoerência das emoções,
A inutilidade necessária,
E a solidão religiosa.
Ela vai espalhando desconcertos
E cavando túneis no sistema de conceitos civilizados.
Tão natural como tecer seda, para o bicho-da-seda...
Fecho os olhos sobre a mesa, para o café,
O cigarro, a insegurança, os amores possíveis, as perdas financeiras,
E então encontro alívio
Octávio (urvbu) Brandão
A obra a menininha e o carcamano de Octávio (urvbu) Brandão foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Proibição de Obras Derivadas 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em tavernadaamnesia.blogspot.com.
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