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cerveja matinal

Digam o que quiserem, mas cerveja forte de manhã é estranhamente doce.
Os que beijam seu lixo, atrofiados, infantes que sangram e sem gangrena, prosseguem languidamente
batendo a cabeça já mole, descalcificada, em pôsteres de desgraça sem se dar conta.
Esse devaneio, esse esquecimento, esse torpor
é a vontade ativa de se alhear, de ser objetivo na fuga, certeiro em localizar lugar nenhum do mapa, com a mente turva.
É escuro o caminho por onde meu único olho percorre até o ponto de luz,
é longo, e os nervos desse meu único olho expandem o cansaço pelo resto da face.

Ouço uma flauta tímida no apartamento do lado,
Tímida flauta no meio da megalópole dos fones de ouvido,
cheia de consciência de sua extinção, de seus dias de multa pelo atentado ao mal-gosto,
como um animal noturno obrigado a morar no porão da boate
desafia o dia impelido pela necessidade, de pouco em pouco vai morrendo.

Algumas viagens ao banheiro, viagens perdidas, flash-devaneios e olhadas ao espelho, então, depois de perder a poesia, me apaixono e perco a identidade.

Continuo o mesmo vadio a te chamar pelo interfone nas tardes cinzas tediosas, sem-futuro...
Hoje ainda imagino cobras em encanamentos, delirante, non-sense, trancado em quartos de backpackers, clichê de mim e dos outros, pedante, mas e daí? Não suponho ser algo vendável preso a requerimentos, enforcado pelos altos sonhos, em rodas de aviões que voam sem se dar conta de sua carga-viva. Aquela parte de mim dorme sem-remorso - quisera!
Vida louca! Já longe dela vejo Eistein e Marilyn Monroe pairando como bandeiras, como propagandas, como sínteses. Sorriem como
Que meus mais importantes amigos de viagem (que como eu estão sempre indo) possam entender as mensagens de minhas músicas favoritas, a eles minhas paisagens, lembranças e esperanças.
A raiva hoje é gratuita, há correspondência desde o objeto até o infinito, queimando todo o caminho até o fim desse universo, cumpro meu papel como redentor de mim mesmo, me consumindo,

2014 em Auckland (BK HOstel)

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