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Mostrando postagens de 2015

Sonho sem visões

Na noite sem fim que ecoa nos ladrilhos suados que                         mantém mofo prisioneiro                         do silêncio careta. Eu ouso e desejo abrir chagas na                          terra como faço incansável Em meu simulacro viciado, o único que me suporta Noites a fio                 definhando confortavelmente.                Refém na vida                Em cativeiro amoroso. Masco o chiclete da desilusão                 Atentando contra o dia iminente, Mas ele é carne fibrosa - Trôpego pelas vielas do labirinto conhecido Sou o inevitável, o meio do caminho sem volta, Fluxo maldito Condenado e julgado nessa e em outras eras simultaneamente. Como um sonho sem visões              perturbador Não há alvorada invadindo este meu túnel                                         TUNÊÔFAGO           Fagocitando estrelas flatulando energia de deus depois. Ouço o barulho confortável de quase todos os potes que contém estrelas Nija. Não me descone

Então segue a mosca...

ouça  Segue a Mosca  no Youtube ©   2010 Octávio Brandão All Rights Reserved segue a mosca by Octávio Brandão is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License . Based on a work at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/ . Permissions beyond the scope of this license may be available at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/ .

suicídio diário

 Não há nada além desse suicídio diário morno. Nada podeira ser significativo e que sobreviva entre observações ao espelho de que a franja, outrora farta e com um redemoinho vigoroso, está escasseando e dentro em breve se tornará uma testa árida. Desse desespêro de acordar de ressaca sem saber o que fiz na noite passada, mesmo sabendo que nem ébrio o espírito ainda nem guarde mais nem um pouco da juventude indômita. Há apenas uma rebeldia opaca, já doutrinada, amansada pela sensatez religiosa. “Doc, i've been drinking in a suicidal fashion so... I know I am not a doctor but according to what I've seen could be steatohepatitis as my liver is not processing fat and there are pieces of it in my feces...” Esse despertar para voltar a dormir acordado, e olhar o travesseiro já com saudades, sabendo o dia ter sido programado previamente para ser uma merda, saber de antemão que vou me frustrar, amaldiçoar a Humanidade, querer fugir de tanta encheção de saco e de tudo que potenci

Zeitgeist

Não ao capital simbólico! Não ao valor agregado! este silêncio de fones de ouvido este desmesurado senso estético, esta escola televisiva este barulho que não deixa pensar, criar, esta corrente atando-me a ti que te faz não me querer este maquinário sóbrio e esses guardas do nariz torcido. Você me quer de que jeito? Que sou tão inútil quanto um monolito não amoldável Ocupo espaço nas víceras do sistema Como nódulo inoportuno. eu sou a ânsia pela abominação e não apenas morna recusa instigo asco ao mero nojinho a morte venérea à pornografia polida, ensaiada, de atos premeditados vendida como trangressão. Aliás a transgressão, a estampada em lancheiras, - antecessores das marmitas - de superfície, e tudo aquilo faz barreira, o sagrado e a glória de viés oportunista, a estes mendigos de significância, a eles o torpe inominável, a eles nem mesmo os antônimos, carregados de potência mas de inverso valor, a eles a nulidade à revelia. Pois é ch

Madrugada na Estação

ouça a poesia  Madrugada na Estação Madrugada na estação by Octávio is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License . Based on a work at tavernadaamnesia.blogspot.co.nz . Permissions beyond the scope of this license may be available at https://soundcloud.com/oct-vio-brand-o/madrugada-na-estacao .

Nota sobre gratidão e comunhão

“O Universo criou em seu seio o som, a palavra, o ouvido e a gratidão; então o som, a palavra. O ouvido e a gratidão não são estranhos ao Universo e, de alguma forma, este entende quando, em comunhão, ouvindo os passarinhhos numa manhã auspiciosa e ensolarada, eu dizer 'obrigado'. Nesse dia sei que a gratidão necessariamente tem endereço certo.” - Auckland/September - 2015 Nota sobre gratidão e comunhão by Octávio Brandão is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License . Based on a work at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/ . Permissions beyond the scope of this license may be available at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/ .

neurotic simple quote

Photo by Stéphanie De Prekel "Arrependo-me com amargura de todas as minhas paixões avassaladoras na falta de apenas uma que me prostrasse." - Auckland/November 2015

o tempo angustiado

Deve haver alguma mágica de anular o tempo quando nos sentimos mal. Quando se levanta da cama desejando não o fazer, e ansiando o momento da volta, depois de um dia pressentidamente de merda. Ou quando a semana passa como se fossem vividos apenas dois dias, que são são as horas contadas a partir de quando se chega do serviço até a hora de despertar, aqueles sentidos no segundo plano mesmo, pela bebedeira. Puxando pelo fio este fenômeno e transcendendo o mero fator neurológico (sublimando a ciência), poderíamos chegar à senda do oculto e, uma vez lá, usurpar este segredo de deuses e neutrinos para o alívio dos homens e - quem sabe - um dia poder curar de vez a adicção e o alcoolismo. (por continuar) o tempo angustiado by Octávio Brandão is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License . Based on a work at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/ . Permissions beyond the scope of this license may be available at http://ta

Morte na embarcação (Dive in me)

"Pelagic-Chevron", by Bill Hayes Senti um calafrio quando ele trouxe aquela espécie de serpente para dentro da embarcação. À princípio parecia confiar na gente – decerto nunca havia visto um humano antes. Movia-se com elegância, como se ainda nadasse escorregava macia pelo assoalho, parecendo estar testando este novo ambiente cheio de gravidade. Correndo longitudinal sobre seu torso brilhante e musculoso, duas faixas – uma azul e a outra rosa, contrastavam com o corpo metálico e a barriga amarela. Duas barbatanas escapavam de dentro de sua boca e moviam-se independentemente. Vítor, apavorado, procurou algo para fustigar o bicho depois de já estar trepado no banco de couro marrom. Achou uma barra de ferro e com ela segurou o rabo do animal com força, para ver qual era a reação. O bicho abriu a boca desesperado e se enrolou. O estúpido sorriu como um demente. - Bicho feio da porra! Babou e limpou com as costas da mão. Depois começou um jogo sádico, pressionando o pes

Up in the ass

- Vocês são uma cambada de ignorantes! - É, eu não nasci em berço de ouro, meu pai não é magnata! - O meu também não, ô estúpido!!! O pessoal sentado nos degraus da escada ficou me olhando de pé ali com uma certa indignação. O café estava morno e dulcíssimo, como sempre. Uma bosta! - Agora como é que você quer que eu explique os benefícios de se fazer meditação na empresa e assinarem? - Ah, ficar fazendo “oooooooooooohm” não vai me fazer ficar mais rico. Tem é que trabalhar, isso sim! Não vem com esse papo de “força da mente”, “reza”, “mandiga”... O que importa é estar ali, ó, no batente! Eu não assino e pronto! - Imagino que nem em Deus você deve acreditar, né? - Eu acredito é em mim! - Mas você sabe que sozinho nessa empresa você não ia ganhar porra nenhuma, né? - Não, porra eu não quero ganhar não. Todos riem. Fui pego de novo no embuste de significado. Justo por esse povo que prefere não pensar no significado de muitas coisas. - Tudo bem, mas e aí, espertão? Você não

A peste lírica

Temos seguido os preceitos da carne, Hedoné! Voluptas! Copulando, alheando-se, enganando, indignando... Temos sido hólons nulos, fantasmas ocupando espaço em assentos do transporte [público, Ruminado as horas frente às novidades, tecnologias infalíveis a aniquilar a alma à [curto prazo, em pequenas prestações. Todavia, pairando sobre nós, ela adimensional, é como luz neste quarto escuro – a [peste lírica. E é como fome! Por ela sou como a carne podre espalhando veneno para quem de mim é a [saciedade débil, apenas. Se o céu dessa mágoa eterna pesa em minha carcaça com este sol malsão, E as horas estéreis, com sua linearidade vertical e infinita, prendem-se aos meus [rins como argolas e bolas de ferro, Se os cérberos da angústia imperene a mastigar meus intestinos com dentes do [retrocesso pleno;  Meu ato desesperado é abrigar-me em ventre morno, torpe e úmido, Como a depressão na rocha - parede marítma colossal -, que abriga da tempestade [o albratroz ferido

A indizível

Qual motivação teria alguém para continuar levando essa ressaca contínua? Parece que em um momento nós ríamos, bebíamos, dançávamos, fazíamos planos, transávamos, ouvíamos rock, fazíamos sacanagens, poesia, rituais místicos, pactos de sangue com vinho e cocaína. Aí então todos se foram, parece, permaneci neste apartamento alugado que foi ficando cada vez mais escuro e mofado, juntando talheres sujos e comida estragada, vivendo entre lençois manchados de molho e roupas íntimas puídas. Com gente estranha entrando e saindo com suas manias, obsessões, traumas e ressentimentos e suas opiniões políticas que não servem para o coletivo; suas taras, seus trejeitos e desajustes, seus pêlos, pedaços de unhas, cheiros e secreções... Enquanto tudo isso acontecia algo em mim despertou sem que eu soubesse. Uma ideia nascida da monótona ladainha da cidade, veio como um estranho insight, - iluminação às avessas. E cortejando essa estrada insone ao pé da janela, que traz a desgraça e a estagnação em

Ligação horrorosa

- oiiiiiiii! 8:47am Fara cumiguru (“fala comigo” em dialeto particular) 8:47am Acho que vou trocar de nome, nessa país dá pra trocar de nome, sabia? 8:48am   Acho que quero ser chamada de Bala de Goma 8:49am   (Screenshot do CandyCrush com nossa foto) 8:49am   Olha meu joguinho 8:49am   (Mais duas fotos) 8:51am - WTF? 1:18pm - kkkkk 2:23pm gostou? 2:23pm - Coisa fina 2:24pm - Tô demiasse 2:24pm   *Deitada 2:25pm Tô deprê 2:25pm - Eu tambem... 2:25pm To com uma fuckn ressaca de novo 2:26pm - Sério, eu tô trabalhando com a solidão e agora antes de sair recebi uma ligação horrorosa aqui no escritório. Nem passei pra advogada ainda 2:29pm - Q ligacao? 2:20pm - De uma mãe cujo filho de 14 anos dez sexo com a irmã de 12 2:32pm *fez 2:32pm   Ele foi preso e ela Ta em custódia longe da família 2:32pm - Poutz! 2:32pm - moram no brooklin 2:32pm Foi pro juvenil 2:33pm - Pq fez sexo com a irmã? 2:33pm - Sim 2:33pm Aqui é crime 2:33pm - C

Poppersy

toda exuberância do reino do estranho urbano figurava-se ali, não só pelos que exibiam novas matizes sexuais no palco mas pelo público também. Era a extrema interação. Noite de segunda. Apenas a porta de saída da balada gay Family Bar da K. Road em Auckland estava aberta. Aquela rua era o reduto da marginália kiwi na semi-capital da Nova Zelândia. O que me fez crer que havia movimentação no bar àquela hora foi a menina de saia-cinto, breaca, com o nariz de chafariz sangrento (desculpa o mal-gosto...) e blusa furta-cor, que com o corpo descalso, investiu contra mim: “what are you lookin at, bitch?!” As duas capangas ao lado cantavam “yeah!” comprimindo os lábios. Os olhos do segurança sorriam por entre a porta cerrada. Perguntei quanto era para entrar. Ele descerrou um pouco, olhou-me bem com brilho esmeralda e indagou com forte sotaque maori “how drunk are you today?” abrindo a porta e liberando a passagem com sorriso de ouro. Eu disse “not much. Not as much as I wanted”. Na

cerveja matinal

Digam o que quiserem, mas cerveja forte de manhã é estranhamente doce. Os que beijam seu lixo, atrofiados, infantes que sangram e sem gangrena, prosseguem languidamente batendo a cabeça já mole, descalcificada, em pôsteres de desgraça sem se dar conta. Esse devaneio, esse esquecimento, esse torpor é a vontade ativa de se alhear, de ser objetivo na fuga, certeiro em localizar lugar nenhum do mapa, com a mente turva. É escuro o caminho por onde meu único olho percorre até o ponto de luz, é longo, e os nervos desse meu único olho expandem o cansaço pelo resto da face. Ouço uma flauta tímida no apartamento do lado, Tímida flauta no meio da megalópole dos fones de ouvido, cheia de consciência de sua extinção, de seus dias de multa pelo atentado ao mal-gosto, como um animal noturno obrigado a morar no porão da boate desafia o dia impelido pela necessidade, de pouco em pouco vai morrendo. Algumas viagens ao banheiro, viagens perdidas, flash-devaneios e olhadas ao espelho, então,

18 de março (manhã no trem)

"No final você só quer alguém para odiar, né? Posso ser essa pessoa pra você, só que eu cobro pelo serviço. Quero tua energia vital, sugar tua seiva, tirar teu sono e tua serenidade. Na empoeirada fiação, no quarto escuro, na casa-das-máquinas do seu ser - surpresa quando vê meus olhos te espreitando e descobrir que sempre co-habitamos ali. Sou responsável pelos seus atos-falhos. Seus enganos e acessos de loucura no meio das manhãs na megalópole infernal são rastros meus. Meus vestígios, meus pêlos grossos, são a nojeira de ser você. Seus desejos ocultos, asquerosos, são meu hálito putrefato, carregado de sentido obceno, a queimar ao pé-do-seu ouvido. E o melhor lado de seu caráter ainda é mácula de meu esperma apodrecido. Eu sou o fruto estéril, algo que nasce em vão e sem razão, ocupo espaço entre tuas costelas, dreno tua vida. Eu cobro caro, cara!" - ele disse "Eu sou a miragem da beleza inalcançável!" - berrava. Sua voz remedava o estertor de outrém.

O que importa?

- Quanto tempo! O que anda ouvindo? - "O Amor Entre Nós Dois" - Mas que coisa obtusa, antiga! - SIm.... - Como está tua alma? - Jesus... - Claro! Você está alheia ao que importa! - Foda-se. E você, parou de beber? - fODAM-SE TODOS OS DIAS O que importa? by Octávio Brandão is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License . Based on a work at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/ . Permissions beyond the scope of this license may be available at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/ .

Considerações sobre modernas relações

Você vem na minha cozinha, Pega a minha faca, meu pão, Usa a minha manteiga e E pra mim apenas migalhas. Eu e este cara (que por uma questão de respeito não vou divulgar sua identidade) dividíamos o quarto sem janelas num hostel em Auckland e numa tarde de primavera, ao som de rock, ele me solta esta ideia. Eu só fiz organizar as palavras e pô-las neste formato. Eu achei a ideia genial.    Considerações sobre modernas relações (Zé) by Octávio Brandão is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License . Based on a work at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/

“O Pecado Paga a Conta do Bar”

O centro está (tão) iluminado De um vermelho tão ambíguo E tantas poses pra colecionar, São Paulo é uma jaula freak. Cheiro de perfume barato, Alguém quer me eliminar, Eu ando em prédio abandonado E durmo em escombros no meu sofá. Porquê... Por quê? Por quê? Porque o pecado paga a conta do bar! As ruas passam e eu distraído Filosofias de banheiro de bar, A dose antes do imprevisível Que se prepara pra vir me pegar Quanto você quer pela alma Eu sou o louco do gás neon! Tem concurso pra modelo com câncer, Pra virar capa de cigarro forte. Porquê... Por quê? Por quê? Porque o pecado paga a conta do bar! O Pecado Paga a Conta do Bar by Octávio Brandão is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License . Based on a work at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/