Pular para o conteúdo principal

A peste lírica


Temos seguido os preceitos da carne, Hedoné! Voluptas!
Copulando, alheando-se, enganando, indignando...
Temos sido hólons nulos, fantasmas ocupando espaço em assentos do transporte
[público,
Ruminado as horas frente às novidades, tecnologias infalíveis a aniquilar a alma à
[curto prazo, em pequenas prestações.

Todavia, pairando sobre nós, ela adimensional, é como luz neste quarto escuro – a
[peste lírica.
E é como fome!
Por ela sou como a carne podre espalhando veneno para quem de mim é a
[saciedade débil, apenas.
Se o céu dessa mágoa eterna pesa em minha carcaça com este sol malsão,
E as horas estéreis, com sua linearidade vertical e infinita, prendem-se aos meus
[rins como argolas e bolas de ferro,
Se os cérberos da angústia imperene a mastigar meus intestinos com dentes do
[retrocesso pleno; 
Meu ato desesperado é abrigar-me em ventre morno, torpe e úmido,
Como a depressão na rocha - parede marítma colossal -, que abriga da tempestade
[o albratroz ferido mortalmente.
O túmulo gentil acha seu inquilino previamente.
A peste lírica é como ter a contínua epifania da morte,
E tê-la por companheira é maldição dicotômica.

  Creative Commons Licence
A peste lírica by Octávio Brandão is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Based on a work at http://tavernadaamnesia.blogspot.co.nz/.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Zeitgeist

Não ao capital simbólico! Não ao valor agregado! este silêncio de fones de ouvido este desmesurado senso estético, esta escola televisiva este barulho que não deixa pensar, criar, esta corrente atando-me a ti que te faz não me querer este maquinário sóbrio e esses guardas do nariz torcido. Você me quer de que jeito? Que sou tão inútil quanto um monolito não amoldável Ocupo espaço nas víceras do sistema Como nódulo inoportuno. eu sou a ânsia pela abominação e não apenas morna recusa instigo asco ao mero nojinho a morte venérea à pornografia polida, ensaiada, de atos premeditados vendida como trangressão. Aliás a transgressão, a estampada em lancheiras, - antecessores das marmitas - de superfície, e tudo aquilo faz barreira, o sagrado e a glória de viés oportunista, a estes mendigos de significância, a eles o torpe inominável, a eles nem mesmo os antônimos, carregados de potência mas de inverso valor, a eles a nulidade à revelia. Pois é ch

High on weed

  Uma das mais importantes características do universo é a sincronia, afinal somos uma multiplicidade de eventos, espaços e leis concatenadas que convergem para o ser no exato momento. Somos eternos recém-nascidos do agora.

18 de março

Quantas vezes já não me sentei na beira da cama, ao lado do criado-mudo, cansado de tanto aborrecimento e tristeza, querendo apenas ser para o resto da vida. Sentindo-me prostrado, com intentos de parar o mundo, saltar para a glória à força, realizar uma utopia, lançar-se ao que chamam missão pessoal , projetar-me ao fantástico súbito, arrebatador e derradeiro; ou mais precisamente, para o final feliz. Meus braços sem vida repousam na côxa retesada, extenuada. Hoje não fui trabalhar por conta das dores nas costas. (Machuquei-a em uma das vértebras ao carregar correndo um cara nos ombros no treinamento de Krav Maga.) Minha alma, sinto-a uma casa da qual querem abandonar sem motivo, pelo simples ímpeto de fugir. Esta, de estrutura frágil, de rachaduras extensas nas paredes, preenchidas de mofo, vigas que estalam por detrás do teto, como fantasmas que outrora estavam adormecidos e que agora reclamam seu território. A solitude me oprime e meus jardins da infância, com estátuas de